CHEIRO MOLE
O homem sabia do que padecia,
E sua luta foi com o impossível,
Pois o tempo é dono dos dias,
Até quando nos dá combustível.
Então, chega a hora da verdade,
E não adianta alguém que enrole,
Pois a morte se dá a quem sabe,
E ela não vai querer cheiro mole.
A morte é a nossa sina ingrata,
Onde o corpo retorna pro caos,
Mesmo que sejas persona grata,
Pois o ciclo é de bons e maus.
Vamos ver morrer gente boa,
Mas também irão seus algozes,
E os ruins querem uma canoa,
Mas Caronte não ouve vozes.
Quando o barco vai ao tártaro,
Só volta vazio pelo rio estreito,
Pois o sopro de vida é o ácaro,
Numa ameixa que é nosso leito.