AS ESCARAS
As minhas escaras ainda doem,
Até mais que os dias sem dono,
Como a seiva dos grãos que moem,
E não servem ao erro ou engano.
Minha dor vem da busca do certo,
Mas alguns não conseguem sentir,
Quando o vento assobia incerto,
Nas veredas do nosso existir.
Não há paga pelo meu idealismo,
Nem também pelos sonhos em vão,
Mas o tempo lhes dirá do abismo,
Onde os invejosos serão solidão.
Não há perdão pra o que trai,
Porque ter confiança é tão raro,
E o amor dedicado sempre distrai,
Mas o pérfido não sabe ser caro.
Traíram César, Zumbi e Lampião,
Pois a humanidade não tem valor,
Até quando houver ouro no chão,
E não formos capazes do amor.
Os bons exemplos ninguém segue,
E o orgulho é a nossa falência,
Condizente com aquele moleque,
Que se torna uma excrescência.
São recados deixados no vento,
Para quem for vestir a carapuça,
Porque sempre verá com o tempo,
O seu erro, pecado ou a culpa.