NADA É PARA SEMPRE
Era um leão altivo e de juba,
Que andava e urrava na selva,
Mas chamou um urso pra luta,
E conheceu a queda na relva.
Nem sempre o envergado é fraco,
E o urso mostrou isso ao leão,
Que não consultou seu oráculo,
E, assim, perdeu até o brasão.
Nessa vida nada é para sempre,
Pois um fraco às vezes é forte,
E o contrário é como a corrente,
Que a ferrugem anuncia a morte.
Sobre a terra a vida é farta,
Mas é um vai e vem sem final,
Até quando entregam a carta,
Ou a nota de morte em jornal.
Isso vale pra tudo e todos,
Pois até as estrelas apagam,
E não digo quem passa o rodo,
Mas eu sei o que nos aguardam.
E não digam quem tem o poder,
Pois eu sei que a vela apaga,
E o fogo que faz água ferver,
É o fogo que no frio me afaga.
Mas há quem prefira a tortura,
E alguns descendem dos caldeus,
Pensando que estão na fartura,
Mas sua fé é a mesma de ateus.
Causam a morte de um semelhante,
Usando mentiras para desavenças,
Mas os malditos irão com Caronte,
E o tártaro terá suas presenças.