NÃO HAVERÁ VENCEDOR
Ninguém vai se salvar na guerra,
E não haverá vencedor no final,
Se uma possível vida eterna,
Só caberá ao mundo mineral.
Pois o mal é o breu da caverna,
E lá dentro nem leio um jornal,
Se não tenho o sol por lanterna,
Mas, na cara, a sombra do mal.
Se você deseja armas e lutas,
Saiba que eu prezo a distância,
Pois o seu veneno é desculpa,
Ou a ruindade desde a infância.
Sua chance é até os oito anos,
Onde se moldam caráter e ética,
E depois a vida segue os planos,
Ou a maldade se torna eclética.
A bondade requer sacrifícios,
Quando só dividir gera somas,
E nessa partilha de ofícios,
Nós não vivemos numa redoma.
Somos adaptáveis sobreviventes,
Só é preciso viver sem lambança,
Pois ninguém vive com serpentes,
Mas, sem conflitos há esperança.
Nascemos sem saber o destino,
E crescemos sem a paz ocorrer,
Se no início sou fraco menino,
Mas ninguém quer logo morrer.
Não se deve venerar o soldado,
Nem seu capitão ou o político,
Pois a regra é família ao lado,
Onde o resto é do paleolítico.
Não vivemos na era do bronze,
Nem temos o frio dos castros,
Pois nós estamos muito longe,
Pilotando foguetes e carros.
Desse modo ninguém se conhece,
Mesmo dentro do mesmo quintal,
Pois o passado 'nóis' esquece,
Mas a peça tem capítulo final.