CORPOS NÃO SÃO ETERNOS
O ser humano vaga pelo acaso,
Mas o sentimento é estar contigo,
Porque sozinho o vinho é amargo,
Pois a uva azeda sem um amigo.
Sozinho o homem se torna mudo,
E também não aprende a amar,
Porque só não servimos ao mundo,
E uma abelha não serve sem lar.
Solidão não requer um perfume,
Pois ninguém vai lhe incomodar,
Mas as noites sem ter vagalume,
É um homem ser ter o seu par.
Não se declama poemas ao vento,
Porque o vento não vai escutar,
Se ele é tão somente um evento,
E o poeta nada vai lhe ensinar.
Mas se o homem comunga sua vida,
E os demais o acolhem sinceros,
Partilharemos a paz que convida,
Sem as guerras e os desesperos.
Ainda há tempo antes do réquiem,
Pois a peça ainda está no ar,
E os atores da guerra esquecem,
Que na morte tudo pode acabar.
Alguém me disse viver de agonia,
E eu digo que o amor faz viver,
Pois o amor ensina termos o dia,
E o ódio não quer o amanhecer.
Banalizam as ideologias mortais,
Pois seus corpos não são eternos,
E suas guerras têm ranços morais,
Mas a terra consome seus ternos.