ALÉM DA AGONIA
Estive no topo do mundo,
Mas foi sonho ou nostalgia?
Pois o vento é algo fecundo,
Que me leva além da agonia.
Onde estive olhei para o alto,
Mas não era o norte do cosmos,
Pois estava debaixo do salto,
Dos titãs que geraram Fobos.
Tive medo daquelas alturas,
Porque fui forjado no solo,
Onde a relva é minha ventura,
E a vida viceja entre polos.
Eu não fui lançado no caos,
Pois o vento também está preso,
Sendo Gaia meu colo e o sal,
E o sangue que me traz aceso.
Mas no alto eu sou um farol,
Pois desejo o bem para todos,
Mesmo quando o mal tem paiol,
E viva explodindo os outros.
Como um ente desde o princípio,
Eu já vi muita coisa dos homens,
Consciente das vidas de vícios,
Que nos levaram à sede e à fome.
Ainda vejo que o erro perdura,
E quem paga é o povo inocente,
Mas um dia haverão só venturas,
Quando aprendermos a ser gente.
Eu espero que ganhemos juízo,
E que esse momento seja logo,
Senão eu só verei o prejuízo,
Que nos findará sem até logo.