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Prosas de Braga
Vivências e sonhos de um poeta e eterno aprendiz!
Textos

DESDE QUE NASCI

DESDE QUE NASCI

 

Estou na estrada desde que nasci,

Usando os carros de lata e faxina,

Com as alpercatas fiz roda surgir,

E estradas abri e foi obra prima.

 

Fui por encruzilhadas com Ogum,

E pedi, sem saber, licença a Exú,

Fui ter trabalho em lugar comum,

Pois só no natal eu comia peru.

 

Eu não tinha carro, mas ia a pé,

E a escola era longe sob o Sol,

Tudo era difícil, mas tinha fé,

Que iria ser rico e ter anzol.

 

Em um gibi vi pobre virar rico,

Pois ele pescava e tudo vendia,

Então, percebi um mundo maldito,

Onde a fome impera com ironia.

 

Há dois tipos de gente entre nós,

Mas alguns são hipócritas e cruéis,

Querem tudo pra si e nada pra nós,

Porque somos recheios de pastéis.

 

Pois a carne barata está podre

E ela tem minha cor e meu passado,

Pois sou negro e índio sem coldre,

Se a bala é do rico e do malvado.

 

Nas ruas de hoje é tanto açougue,

Seja nos morros ou pelas guerras,

Pois até meu Brasil é Gaza hoje,

Mas o mal não terá a vida eterna.

 

Eu prefiro ter todo mundo à mesa,

Com judeus, palestinos e os demais,

Celebrando o suor com a certeza,

De que só precisamos é ter paz.

Poeta Braga Costa
Enviado por Poeta Braga Costa em 16/12/2024
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