ETERNAS BUSCAS
Todo dia acordamos e há vida,
Mesmo para quem está morrendo,
Tudo enquanto fecha a ferida,
E as escaras secam ao vento.
Uns esperam por novo convite,
Que talvez nunca chegue de novo,
Mas eu digo ser de bom alvitre,
Que se vejam de novo no ovo.
E se o ovo for logo chocado,
Pensem que seja por uma hora,
Se quiseres voar como pássaro,
Ou então serás cobra por ora.
Ninguém sabe o futuro da vida,
Pois é tudo energia com o tempo,
Mas enquanto o dia não convida,
Almeje, quiçá, ser pluma ao vento.
Quem sabe a pluma seja conhecer,
Ao dizer que vale a pena ter vida,
Pra que possa ver o dia amanhecer,
E até conhecer cada tarde ferida.
Os raios do sol vão lhe atravessar,
E nutrir toda terra com vida e luz,
Pra que seja o colo para te ninar,
E gerar sonhos que iludem ou seduz.
Haverão os que buscam a eternidade,
E façam a viagem pra Marte ou Plutão,
Mas lhes digo que não existe verdade,
Pois ela é fruto da vida no chão.
Pisando nas trilhas teremos idades,
E vamos sorver do néctar de Platão,
Ou também ler placas pelas cidades,
Que indicam os becos e a contramão.
Talvez haja um tempo pelas estrelas,
Mas tenham cuidado com seus portais,
Pois em cada buraco ou cada centelha,
Terão armadilhas de virgens vestais.
E o fogo é sagrado pois é energia,
Acendendo no tempo que se escuta,
Porque Deus é o signo dessa agonia,
Onde as sinfonias são pra labuta.