TUDO TEM DATA
Nesse mundo tudo tem uma data,
Seja de início, meio ou final,
E assim vão o rato e a barata,
E findam impérios do bem e do mal.
Até mesmo esse lindo planeta,
Vai um dia às entranhas do sol,
Quando ele estiver na sarjeta,
Tão laranja, mas sem girassol.
Eu, que vivo desde os primórdios,
Também fui a poeira a vagar,
Porque vi Alexandre e nó górdio,
Mas também conheci Baltazar.
Fui quem viu cada estrela-cometa,
Que mostrou Jesus, Krishna e Buda,
E vi meteoros caindo pela sarjeta,
Sonhando até com Brás Cubas.
Mas tive a visão do erro crasso,
Dos corpos sangrando nas guerras,
E vi empalado o homem em retrato,
Pois ninguém é mais que a terra.