RIQUEZA É TER (...)
O ladrão, sendo elite, dá garantia,
E um nobre abastado lhes agradece,
Pois esse ladrão rouba pobre de dia,
E descansa à noite na teia que tece.
Vez em quando ele está por aí,
Em bairros de elite, sem camburão,
E se o pobre reclama, mandam Jair,
Destruir lares sem aviso nas mãos.
É um tal de liberar seus capetas,
E matar sem pedir documentos,
Ou cobrar juros de um estafeta,
Cujo soldo não tem mais aumento.
Lembro o caso de um servo gentil,
Que faz seu mercado com o patrão,
E ao buscar o saldo, teme o fuzil,
Pois a dívida é mais que milhão.
O rico quer viver é de juros,
Pois nunca trabalhou, nem suou,
E o pobre que se lasque no escuro,
Ou com a sede e fome que estou.
Sei que nunca gostei de ouro,
Nem tenho essa louca ambição,
E prefiro ser índio ou louco,
Pois no pouco tenho salvação.
Querem a tese do ouro pós morte,
Como queriam os deuses faraós,
Mas Alexandre mostrou sua sorte,
Ao deixar sua virtude pra nós.
Eu consigo ver Cristo nas ruas,
Sem entrar nos palácios que viu,
E sofrer, como nós, as agruras,
A mostrar qual riqueza serviu.
Riqueza é ter amigos e amor,
Com sinceridade em cada olhar,
Pois palavras não tem mais valor,
E só a empatia irá nos salvar.