NOSSOS DIAS SERÃO FOLHAS SÊCAS
Quando não entendemos a vida,
Questionamos a Deus por viver,
Se a morte nunca nos convida,
Pois é certo que vamos morrer.
Ela vem e se torna a verdade,
E nos diz que não temos poder,
Ela cospe em nossas vaidades,
Sendo quem nunca vou conhecer.
Nossos dias serão folhas sêcas,
Desde quando nascer é morrer,
Mas eu sendo a luz pelas gretas,
Só espero o dia anoitecer.
Não aceito quem morre sem luta,
Nem aceito de boa o meu fim,
Pois a viagem é sob minha batuta,
E os tambores que tocam pra mim.
Quero o êxtase das gotas na gruta,
Quando escorrem suor pelas costas,
E o mingau eu faço é com araruta,
Pois o milho não dá nas encostas.
Eu comi da carne dos mastodontes,
Mas hoje eu choro por suas mortes,
Por isso desprezo os bandeirantes,
E defendo índios, pretos e pobres.
Nessa vida o bem pede tolerância,
Aceitando ou não o gosto alheio,
Pois é tudo similar na infância,
Então, aceite ter final e meio.
E depois de aprender com a dor,
Diga tudo ao padre e ao juiz,
Mas também diga ao promotor,
Que a fonte quer um chafariz.
E a humanidade quer só justiça,
Mas a justiça do justo com Deus,
Não aquela justiça que atiça,
Toda chama que queima plebeus.