RAZÕES PARA TANTA AGONIA
As armas não merecem clemência,
Pois surtam querendo as guerras,
E ao cobrar de mim paciência,
Dilaceram meus braços e pernas.
Quem sabe, acertando meu crânio,
O meu fim lhes trouxesse alegria,
Mas não sabem o quão é estranho,
As razões para tanta agonia.
Hoje em dia antecipam as mortes,
E torturam os filhos longevos,
Ou são cães ditando as sortes,
Sobre os corpos sem cemitérios.
Já não há mais medo da morte,
Pois a vida perdeu seu valor,
Nas vielas sem luz e sem norte,
Se as estrelas o céu apagou.
São estádios cheios de torcidas,
E estranhos se fingem de amigos,
Mas pra balbúrdia não há vacinas,
Onde o fascismo deixa vestígios.
A história nos fala de batalhas,
Onde todos morriam sem enterro,
E até mesmo um rei sem mortalha,
Viu morrer sua fé com seus medos.
Crer não quer dizer que exista,
Pois demanda saber quais razões,
Mas a vida quer quem lhe insista,
Pois sem crer não terás ilusões.