O LOBO E O HUMANO
Como um animal reproduzo instintos,
Mas tudo que faço é para existir,
E perpetuando a espécie eu insisto,
Em sempre colher para subsistir.
Às vezes me vejo como um velho lobo,
Que andou por estepes e até caçou,
Mas lembro do clã e me vejo novo,
Na busca de ter o que já findou.
Não vou comparar lobos com humanos,
Pois um é família e quer uma loba,
Se o outro é briga e todo engano,
Querendo a moça, mas mata e rouba.
O lobo quer ser livre e sem máscaras,
Enquanto o homem vive com disfarces,
Se o mimetismo não vem das palavras,
E o homem, ruim, se mata no cárcere.
Entre nós, tudo de mau é lobo,
Que sob uma porta se esconde,
Olhando pelas frestas o engodo,
Que corrompe o caráter do monge.
Esse lobo humano é todo usura,
Pois engana sua metade por outras,
Quer ser macho, mas sem compostura,
E fica nu, mesmo estando de roupa.
Esse lobo destrói a si próprio,
Porque acha que pode ter a tudo,
E suas crias vivem num sanatório,
Para ter um sudário no escuro.
O homem quer dominar seus iguais,
Dizendo que o pecado é da mulher,
As quais foram mães de imortais,
Mortos por estupro em colo de fé.