AÇUCAR OU SAL
Caiu mais um dente do vampiro,
Daquele que veio ao novo mundo,
Se é que estou vivo ou suspiro,
Pois já não há sangue no mundo.
Esses vampiros devoram a terra,
Pois quando não matam, destroem,
E sob escombros escondem a selva,
De onde o mal e o ódio constroem.
Um dia as pessoas irão acordar,
E o transe nefasto irá se esvair,
Pois a paz é preciso ao andar,
Pra não termos tropeços ao ir.
Nossa caminhada ninguém repara,
Mas os vermes precisam findar,
Senão vão sobrar só ossos na cara,
E o meu olho não terá seu lugar.
O que perdura é o terceiro olho,
E eu lhe uso para ver o luar,
Onde escorre a luz que me molho,
Porque sigo as estrelas do mar.
Vou às profundezas da zona abissal,
Pois lá são passagens e portais,
Onde a vida não é açúcar ou sal,
Porque, às vezes, somos canibais.
Quem sabe um dia seremos a fênix,
Mas não nesse corpo e nesse lugar,
Pois na terra é a pé e sem tênis,
E o vento é o sopro de um quasar.
Vou adentrar os buracos do abismo,
E no caos vou deixar o meu rastro,
Mesmo as aves em vôos de risco,
Pois quero ser águia ou ser astro.
Não vou pedir lágrimas da chuva,
Pois sou como o vento na praia,
Porque sei o que vem da saúva,
E eu digo: - Sou rabo de arraia!
Mas um lobo não teme inimigos,
Porque sabe da própria altivez,
E se cerca do clã e de amigos,
Para que possa viver outra vez.