NÃO HÁ TEMPO
Andei por escombros de guerras,
E eu vi como os homens são maus,
Porque vi corpos sobre a terra,
E ela chora, pois sabe o final.
Nossa terra nunca nos perdoará,
Se estamos debochando do colo,
Pois nossa vida é querer se vingar,
Quando ela nos deu foi seu solo.
Alguém disse que plantar é colher,
Mesmo sendo com outras palavras,
E, vos digo, que o meu florescer,
É um presente ao que vem e lavra.
Nossa terra quer nos dar o perdão,
Mas é preciso adorar-lhe depressa,
E orar para tudo sobre esse chão,
Pois o outro chão é noutra Terra.
Só não há tempo pra essa viagem,
Porque, se houver, não existiremos,
Se tudo muda com o tempo e aragem,
Que dirá com o que nem sabemos.
Quem se lembra de uma Babilônia,
Onde se pensava ter a eternidade,
Mas sobrou-nos foi breve infância,
E uma fútil vida em sociedade.
Mas não devo falar sobre tudo,
Pois ninguém estará preparado,
Por não ter seu tempo de estudo,
Ou vivência do tempo exaltado.
Só falamos de passado e saudade,
Mas o hoje é o que mais importa,
Pois o amanhã será só verdade,
Se soubermos plantar nossa horta.