SANGUE NO CHÃO
Meu gêiser mental foi acionado,
E me lanço pro alto da cripta,
Mas as chamas que ardem ao lado,
São de Éolo dando linha na pipa.
Há quem macule algum epitáfio,
Sobre a lápide de cada herói,
Que viveu pra matar o larápio,
Pois roubaram seu prato e o rei.
Será mesmo que ele foi roubado,
Se ninguém fica dono em espírito,
Porque lá não há carne de gado,
Nem um padê de axé em meu rito.
Quem se vai é somente o orgulho,
Mas juntam os suspiros sem causa,
Pois não há vela para o escuro,
Se ninguém quer chama e brasa.
Todo curió que foi engaiolado,
Não supõe um canto de alegria,
Mas se canta é por ser enganado,
Ao pensar que é verso e poesia.
Mas há quem creia em merecimento,
E aceita ser servo da presunção,
Mas na fila dos réus há lamentos,
Se o bandeirante matou no sertão.
Hoje em dia deturpam a saudade,
E o diabo tem bustos nas praças,
E nos iludem que seja a verdade,
Mas essa verdade é nossa desgraça.
Ninguém vê, mas há sangue no chão,
E as raízes que brotam são dores,
Pois um mundo sem sol e a razão,
É uma noite eterna e sem cores.