A ETERNIDADE DO CLÃ
Todo clã requer seus pertences,
E esse jeito nos pede a união,
Mesmo quando perdemos os dentes,
Ou o mundo não nos dá a mão.
A eternidade do clã somos nós,
E cada parente é parte do ser,
Pois um chão de mundo sem sóis,
Só tendo sorte para sobreviver.
No caos talvez haja outro povo,
Pois não sei o que há no além,
Mesmo quando se choca um ovo,
Ou as sementes nos digam amém.
Tudo no universo é maravilhoso,
Mas a cereja do bolo é a Terra,
Pois resguarda ao humano idoso,
O seu direito à glória eterna.
Eu, que vi meus avós, sou feliz,
Mas queria ter visto seus pais,
Pra saber quem foi mola motriz,
Caso tenham registros num cais.
As tradições do vale dos reis,
Ficaram no Egito e não vieram,
Pois o preto era contos de réis,
E, sobre o índio, nada disseram.
Só temos registros dos europeus,
Pois eles vieram como relíquias,
E também veio o crente e o ateu,
Além dos ladrões e toda malícia.
Esse é o nosso povo brasiliano,
Cheio de treta e muito jeitinho,
Celebrando esse jeito mundano,
Sob a dor de não ter um ninho.
Resta só contrastar a distância,
Onde a vida só quer conviver,
Tolerando, pra se ter esperança,
Não buscando o ter, mas o ser.