O PROVÁVEL É INEVITÁVEL
A sociedade tem poetas mortos,
Quando sua hipocrisia impera,
Porque há doutrinas de magos,
Dizendo de um deus que lidera.
Das ilhas do norte vem a neve,
E ela guarda uma espada mágica,
De toda magia eterna ou breve,
E da realeza contida na távola.
Mas rasguei o mundo pela Ibéria,
E a terra girava e eu navegava,
Não sendo o Ulisses da Odisséia,
Nem um Marco Pólo pela estrada.
Eu vi os fenícios frente ao mar,
Mas ouvi sobre Tróia e Esparta,
Previ o minotauro a se esgueirar,
Vi a morte de Cícero pela espada.
Tive um colóquio com Júlio César,
E, como centurião, vi Cleópatra,
Mas fiz cada incêndio com pesar,
Nos saques e horrores da tropa.
Vi cada aqueduto ser construído,
E a Via Ápia ligando um império,
Quando as noites eram só ruídos,
Das orgias com morte e mistério.
O senado romano se corrompeu,
E nada difere de outros agora,
Pois César morreu sem Pompeu,
Sendo traído na primeira hora.
E o dia de hoje, ninguém prometeu,
Porque vida é um acaso da quimera,
E é feita eclética, até com ateu,
Pois ninguém impede a primavera.
Mesmo quando arrancam as flores,
Ou colhem os frutos fora de época,
O mundo já sabe de nossos amores,
Mas tudo nos dá sob uma hipoteca.
Saibam que nossos títulos vencem,
E seu dia final é algo provável,
Até que, alistados, nos dispensem,
Porque esse ocaso é inevitável.