NOS CONTRASTES
Nos contrastes busquei meu cerne,
E me nutriram de modos que agridem,
Aprendendo que um sicário se perde,
Pois ando descalço pela fuligem.
Deixo ao vento as cinzas do caos,
E despeço sua verve que maltrata,
Digo ao tempo que subo os degraus,
Sempre em busca da luz que exalta.
Quero os cumes para poder te ver,
Pois lá não haverão as muralhas,
E nem outras colinas pra vencer,
Para olhar para tetos de palhas.
Vou saber onde mora e é feliz,
Mesmo com os momentos de dores,
Pois a felicidade é por um triz,
Pois depende de nossos valores.
Se eu gosto de frutas e nozes,
Há era que goste de tubérculos,
E quem houve batuque ou vozes,
Vai dizer de ouvidos abertos.
Mas eu sei que sou o que vivi,
Pois os calos falam da jornada,
E por isso resguardo o meu ori,
Com um velho gorro de invernada.
Quero a sombra, mas não de Diógenes,
Quero a corda, mas não sua prisão,
Quero Braga, como cidade de odes,
Quero abelhas de mel sem ferrão.
Vou dizer num altar meus reclames,
Que a paz é o que me faz viver,
Como Hypatia não prezou infames,
Pois nossa vida requer mais saber.
A ignorância é como a tragédia,
Pois devasta, devora e tortura,
Se não sabe o porquê da comédia,
Ou as razões para cada aventura.