O PECADO
Não creio haver pecado,
E vivo em busca da paz,
Mas aceito ser comparado,
Com alguém que não satisfaz.
Tudo agora requer ter um lado,
E levantaram muralhas com ódio,
Mas eu sei como mudar de lado,
Pois eu dou fim ao nó górdio.
Meus recados eu digo a Aquiles,
Que ele não faça mal a Tróia,
Mas, ao povo eu falo de Ulisses,
Já que a Odisséia é sua estória.
Quem acha que o pecado condena,
Não viu a navegação portuguesa,
Porque Cabral fugiu da emenda,
E Tordesilhas foi a sua surpresa.
Quem sabe um dia o mar se abre,
E dele voltam quem lá afundou,
Junto à veste e o ouro do padre,
Que a igreja saqueou e levou.
É como nosso jacarandá da Bahia,
Que pra tirar mataram indígenas,
E pra levar foi sem a alforria,
Pois preto e índio são estigmas.
Mas um dia descerá uma lágrima,
Pelo olhar de um sagitário galático,
Pra levar o ouro e a sua mágica,
E o cataclisma será fantástico.
E onde foi pecado será o início,
Depois de cada final trágico,
Da bomba nuclear num precipício,
Seja em Gaza ou por onde viajo.