RUMO AO EXÍLIO
Numa carruagem rumo ao exílio,
Talvez sendo minha última viagem,
Lembro a todos do meu martírio,
E, mesmo assim, lhes peço coragem.
Toda nossa caminhada é luta,
Senão estaria tudo já concebido,
E, de que valeria cada labuta,
Se o pão já estivesse dormido.
O bom da vida são os encontros,
Seja pro chá ou numa cerimônia,
Às vezes no bar, arara nos ombros,
Como um pirata sem ter parcimônia.
Lá no Caribe ou pela Palestina,
Há mil tesouros e vida enterrados,
Em cada luto que hoje aproxima,
Todos que lutam contra celerados.
Criamos no homem várias facetas,
Mas Deus nos quer ao seu lado,
E não disfarces ou com caretas,
Se toda vida for um apostolado.
Surfar no caos e entre estrelas,
Será tão fácil se nós entendermos,
O quão é frágil a nossa capela,
Feita apenas pra dor dos enfermos.
Se estamos doentes, será do juízo,
Pois todo o resto já está escrito,
Nas fantasias de pragas do Egito,
Ou em heresias propostas num grito.
Por sermos frágeis, somos mistério,
De cada minério que fala e ecoa,
Desde que juntos e sem impropérios,
Mas, ecos da vida de mães e leoas.
Irei ao outro lado da história,
Que está contida noutra dimensão,
Ao transpor os portais da glória,
Ou da eterna busca por remissão.
Tudo o que fizeres, será cobrado,
Não sei aonde, mas sei que será,
Pois todos os dias estão contados,
Na enciclopédia que nos terá.
Estamos diante o olhar do tempo,
Estamos aflitos com a sua energia,
Pois Ele só diz com verbo ao vento,
Em cada sopro de nossa agonia.