CASO ACHES
Naquela cidade ninguém era pardo,
Mas a noite chegou sendo o dia,
E tudo escureceu e viramos pardos,
Pois a escuridão sempre dividia.
Foi que descobri não haver povos,
Tão somente famílias que agrupam,
Porque somos uma espécie sem ovos,
Mas, sendo mamíferos, se insultam.
Todos querem mamar com motivos,
Mas ninguém sabe o gosto de tudo,
Pois o mundo é o que tá contigo,
E o que sabes lhe forja o escudo.
Caso aches que tu és de direita,
Saiba que tu também tem dois lados,
Como a frente que olha a sarjeta,
E esquece o que atrás foi errado.
Todos nós tivemos o nosso rabo,
E já rastejamos sem os membros,
Pois viemos do mar com um fardo,
Por não sermos os donos do tempo.
Se achamos as ilhas e os atóis,
Ou adentramos pelos continentes,
Tudo é fruto do tempo e dos sóis,
Pois no caos o poder é da mente.
Ninguém pode falar do seu início,
Pois não temos direito ao mistério,
Onde as dimensões são o hospício,
Mas cada portal é um ministério.
Nessa loucura que é entendermos,
Nada é real e talvez seja sonho,
Querer ser o que talvez perdemos,
Sem saber qual a cor ou tamanho.
Mas o cosmos é feito de essência,
Com mistura de energia e o tempo,
Onde Deus é o que vem da ciência,
Por ter regras até para o vento.