CADA DIA QUE FALTA
Ainda conto cada dia que falta,
Enquanto declaro meus dias idos,
E sei que ninguém nos assalta,
Porque somos os dias festivos.
Sócrates já nos disse o que leva,
E nem a cicuta roubou seu pensar,
Se ninguém é como Zeus ou Minerva,
Mas também não são vento ou luar.
E Platão viu sombras da caverna,
Pois se pôs no lugar de quem viu,
Entendendo que água de cisterna,
Não prevê vento quente ou frio.
Só quem está disposto e liberto,
Saberá qual o sentido da biruta,
Por onde o rio vê o mar aberto,
E só o tempo modela uma gruta.
Quem já olhou para as estrelas,
Nas noites sem nuvens ou luar,
Sabe que Deus pôde concebe-las.
Porque Ele está em todo lugar.
O simbolismo de Deus é o todo,
Pois não há parte fora de Deus,
Mesmo que haja mangue ou lodo,
Pois Ele é tudo e nunca adeus.
Eu apenas espero nova senha,
Para onde vou sem pretensões,
Pois o segredo de fogo e lenha,
É bem mais que as convenções.