EM CADA SETEMBRO
Os dias de Cosme guardam segredos,
Que nos revelam a graça dos erês,
Mas podem ter nome e falar de medos,
Como periquito e concha outra vez.
Em cada setembro que é sincrético,
Falam de doutores de corpo e alma,
Mas simbolizam de modo poético,
O que a vaidade às vezes estraga.
Saibam que os erês são do bem,
E onde se mostram trazem felicidade,
Pois ofertam o melhor que eles tem,
Em prol de quem ama com sinceridade.
Nós comemoramos datas que abraçam,
Pois as datas fúnebres fazem chorar,
Então, aproveitem os dias que passam,
Porque água de rio não volta do mar.
Apenas a chuva e os seus mistérios,
São bençãos que fazem a vida brotar,
Porque a terra é mais que minérios,
É colo de mãe, pois é só semear.
Assim, em setembro eu colho quiabos,
Ao pilar dendê e juntar côco seco,
E também coloco tempero nos tachos,
Junto com galos que ciscam esterco.
Também trago a farinha de copioba,
Que tem no massapê o melhor sabor,
Mas temos castanha, côco e pipoca,
Que junto aos cafés com avoador.
Eu sei que perguntam o que pode,
Pois além da festa é religiosidade,
E se temos cocada e doce de pote,
Devemos saldar com a santidade.
A herança de África é certidão,
Pois ensina o saber do divino,
Que se demonstra pelas estações,
Com o Axé moldando o destino.