REGRA DO CAOS
A hora sempre chega pra tudo,
Porque essa é a regra do caos,
Mesmo que hoje esteja escuro,
Porque há hora até para o mal.
Não adianta trocarmos a hora,
Pois ela não depende de nós,
Como o mundo não tem senhora,
E muito menos amarra os nós.
Tudo do mundo é como no Cosmos,
Pois cada rio procura pelo mar,
E um cofre tem guarda a postos,
Mas ele não sabe o que está lá.
Imaginamos o que há no invólucro,
Mas o contido depende de alguém,
Pois não há nada que um prólogo,
Defina o epílogo ou o que vem.
Podemos sonhar e até ser utópicos,
Mas o que é real diz o que seremos,
Seja onde moro, de neve a trópicos,
E se algum dia eu vaguei em Vênus.
Eu vejo as pessoas querendo a Deus,
E alguns buscando também o serem,
Mas nada resiste, se existe adeus,
E vamos ser lápide para nos verem.
Alguns vão se eternizar na história,
Como vaticinou o semideus Aquiles,
E as guerras e reinos dão glórias,
Mas não são eternos seus juízes.
Qualquer que seja o poder, ele finda,
Pois nada é eterno, a não ser o todo,
Mas os tesouros são como a cacimba,
A qual tem água, mas pode ter lodo.
E, se ontem foi Anibal e Julio Cesar,
Hoje podem ser os donos dos tiros,
Pois antes a espada cercava o mar,
Mas hoje a mentira nos faz cativos.
Ninguém nos reina em nome de Deus,
Pois querem ser Deus e me esganam,
Dizendo o que quero ouvir dos seus,
Mas é só delírio e logo me enganam.
Vivemos esse sufoco em Gaza e Kiev,
Mas isso é rotina também no Sudão,
E onde o império é tardio ou breve,
Será sempre a greve uma solução.
Os ricos precisam aprender a sofrer,
Para que possa entender os demais,
Porque ninguém vem só por nascer,
Ou tem tudo a ver com ancestrais.