TEMOS ELEIÇÕES
No dia em que tudo é de graça,
Haviam edis atuando tão caro,
Pois quando os viam na praça,
Tudo era orgia como anteparo.
A política perdeu toda razão,
Desde quando buscou o salário,
Pois um eleito tinha profissão,
Que o sustentava sem o erário.
E as religiões pegaram carona,
Pois o pastor é fiel ao ouro,
E, se tu não der, gera bronca,
Quando o amor não é o tesouro.
Se cobra o dízimo até da casa,
Mas Deus não precisa de verba,
Pois Ele é a lareira sem brasa,
E sua luz é a centelha eterna.
Mas chega o período eleitoral,
E aqui no Brasil é comércio,
Pois cada eleição é bianual,
E o custo nem cabe num verso.
Os reis de hoje legislam pra si,
Pois têm subsídios até dormindo,
E se acordam, já sei que sofri,
Ao ter que achar tudo lindo.
Mas o que perdura é a tapeação,
Pois ainda vivo de pão e circo,
E o resto será sempre ilusão,
Como as caminhadas em círculo.
Tudo ainda são bustos e praças,
Porque eles acham que venero,
Mas estou desnudo e sem graça,
Se não levam promessas a sério.
Toda vez que temos eleições,
São propostas feitas ao vento,
E nós somos somente paixões,
Escolhendo o rato e o jumento.
Um rói tudo o que alcança,
E o outro dá coices ao léu,
Mas, no fim, enchem a pança,
Pois nós somos o sarapatel.