REZAS PRA COSME
Ninguém sabe sobre Jovenílha,
E talvez não queiram saber,
Mas ela foi também mãe e filha,
E manifestava o que vou dizer.
As famílias de clãs ancestrais,
Trazem juntos mistério e razão,
Pois o tempo é para os mortais,
E orixás são do céu e do chão.
Mas foi num caruru para Cosme,
Que eu vi as crianças e doces,
E havia uma adicissa tão nobre,
Com comida servida a quem fosse.
Era refeição de vatapá e caruru,
Regada com galinha e farofa,
Mas à noite era o café e beiju,
Após o banho com sabão da costa.
Eram rezas pra Cosme e Damião,
Mas também pra Doum que sorria,
Pedindo por jovens e o ancião,
Celebrando com erês a alegria.
Dona Jove via além dos normais,
Mesmo que alguns queiram negar,
Pois há dons entre paranormais,
Que não se explica só ao olhar.
É no jeito que falam os anjos,
Que ninguém vai saber o padrão,
Pois os sinos não serão banjos,
Como o êxtase não quer a razão.
Mas se chega o mês de setembro,
As lembranças têm mais emoção,
Pois no mundo há giro do vento,
Mas só Tempo nos diz sim ou não.
Por tudo isso eu ainda rezo,
Rezo para São Cosme e Damião,
No terreiro ou casa que prezo,
Pois comer caruru é tão bão.