A JUVENTUDE COMO DEUSES
Quando jovens eles querem luta,
Com os hormônios que borbulham,
E batalham sem fazer perguntas,
Enquanto as galeras afundam.
Os humanos se vêem nos deuses,
E querem diabos para a culpa,
Pois querem vigor e prazeres,
Mesmo tendo infarte na bula.
A juventude celebra sua agonia,
E a libido segreda cada paixão,
Mas, dirigindo veloz, cai o dia,
E nas curvas há morte em vão.
Para alguns vai haver transições,
Se o jovem almejar ser maduro,
Mas isso exige não ter pretensões,
Pois ninguém sobrevive ao futuro.
É preciso buscar sua cadência,
Com a potência ou modo de vida,
Pois o ato tem lugar e ciência,
Onde a física não cura a ferida.
Mas, chegando metástase e ocaso,
O que resta são nossas memórias,
Que se guardam além do descaso,
Ao cultivarmos paixões e glórias.
Estamos vivos em cada lembrança,
E nos livros de prosas e versos,
Como um luar convida pra dança,
Entre os braços que tanto peço.
Só assim vou chegar aos noventa,
Ou até mesmo vencer os séculos,
Se um milênio nem Zeus me aguenta,
Mas o rei não dispensa os servos.
É nesse mundo que nos vejo,
Sem reis, só irmãos e amigos,
Pois me basta o que almejo,
Se o amor é o melhor artigo.