ALÉM DO QUE VEMOS
A vida é conflito ou aceitação,
E até profecia ou outro motivo,
Se cada lugar é uma estação,
E o trem é moderno ou antigo.
Quem não vê o que está oculto,
Ou não quer enxergar uma linha,
Pode estar celebrando um culto,
Sem ter fé, mas numa camarinha.
Oxalá, cada imersão nos ensine,
Que o mundo é além do que vemos,
Como à tarde, depois de um cine,
Olhamos o céu e aí surge Vênus.
Depois da escuridão, são faróis,
E meus olhos vão se acostumando,
Quando à noite não há girassóis,
Mas as corujas voando e caçando.
Não me lembro de ver os gnomos,
Nem erês se lambuzando com mel,
Mas disseram que sob escombros,
Ninguém lembra de Papai Noel.
Nem tudo o que sei é dessa vida,
Mas tô no mundo desde o início,
E toda etapa nos traz despedida,
Como a chuva quer o precipício.
Nas caminhadas sem proteção,
Há ventos e raios a nos assustar,
Mas o fogo, que é amor e paixão,
Traz-nos a força pra continuar.
Desse jeito erguemos colunas,
Para o templo e o aconchego,
Pois a taba é a boa fortuna,
E a nossa fé vence o medo.