DECADÊNCIA NAS SOMBRAS
Andar sobre o leito do mar,
Mas tão ágil como o coelho,
Ser um Sol e às vezes luar,
Pode ser o melhor conselho.
Eu também uso um candeeiro,
Que acendo no centro galáctico,
Porque sou meteoro e faceiro,
Ou sou frio e calor pelo ártico.
Quando sou o lobo na estrada,
Dizem que há raposas no deserto,
Mas o medo da mão espalmada,
É por sofrer, mesmo que certo.
Mas sei o que gera a decadência,
Pois o que tocamos se torna sal,
E morro cangaço ou intendência,
Mas o lamento é não ser animal.
O mundo parece sob fogo amigo,
Pois nossa espécie se digladia,
Se acham que a vida seja artigo,
Que vendem na loja e na padaria.
E assim só falta o bombardeiro,
Como se Hiroshima não bastasse,
Pois até Nagasaki foi no meio,
E o mestre reprovou toda classe.
De nada adianta chamar a Cristo,
Pois já não há Lázaros na tumba,
E não dão passaporte ou visto,
Para os ratos da catacumba.
E tudo que enxergam são sombras,
Do que foi discussão de verdade,
Se ainda nos matam com bombas,
E a piada é querer santidade.