DE ACORDO OS DIAS
Alguns querem dias mais longos,
Só não indico os dias de Netuno,
Porque sei que lá tem carbonos,
Mas não há meses de outono.
Eu, que vivo de acordo os dias,
Prefiro o meu mundo terráqueo,
Mesmo sendo escravo da fantasia,
Ou a síntese do dilema socrático.
Vivemos em um eterno perigo,
Com a ignorância versus saber,
Pois condenam quem dá abrigo,
Aos reclames de vir conhecer.
Só não sabem a dor do carrasco,
No inferno de Dante ou de Hades,
Pois os sátiros põem os cascos,
Naqueles que professam maldades.
Os tiranos são sempre invejosos,
E querem bem mais do que oferto,
E assim, matam até os leprosos,
Que dirá quem for servo liberto.
Todos nós saímos de um casulo,
Onde há favos de mel e geléia,
Mas há sempre quem seja o urso,
Ou quer devorar o filho de Réia.
Nós somos a alcunha de um deus,
Mas vivendo a essência do bobo,
Ao afrontarmos a ordem de Zeus,
E querer saber mais que o lobo.
E assim, ferimos a nossa casa,
Ao rasgarmos o chão do planeta,
Até quando o destino for brasa,
E os raios sejam de um cometa.
Só então, eu, sentado em Ceres,
Tendo, ao lado, o amigo Titã,
Vou curtir calmarias de alferes,
Onde a brisa me leve a Tupã.