NESSA TERRA
Nessa terra de dor e sofrer,
Vejo nas nuvens outro caminho,
E, além das estrelas, eu vou ter,
Outro lugar para o meu ninho.
Do alto da torre, vi leste e oeste,
Mas alguém me chama abaixo e acima,
Dizendo ser a nossa vida agreste,
Pois há serpentes em cada esquina.
Tem a hora de jorrar as lágrimas,
Mas não só é cisco ou sofrência,
Pois deixei meu totem na praça,
E o que resta é minha demência.
Talvez seja a hora da partida,
E a estrada nos leve ao portal,
Com as chaves e dedos de figa,
E um patuá nos dando o sinal.
Será mesmo uma via pro céu,
Mas qual céu eu irei encontrar?
Pois não levo escada ou pincel,
Para a torre que vou adentrar.
Me lembrei dos sinos anunciando,
Mas não sei se cheguei ou morri,
Pois são mil badaladas por ano,
Que não definem se é pra subir.
Por isso me lavo numa bandeja,
Onde achei até restos de pizza,
E pela estrada que será a mesa,
Há o corpo que sangra e agoniza.
E por não me entregar aos corvos,
Nem minha seiva fluir na procela,
Eu irei pedir a anjos e lobos,
Ter minha tenda após a cancela.