IDÉIAS SOBRE O PASSADO
Vou buscar por minha etnicidade,
Para ter idéias sobre o passado,
E saber se foi campo ou cidade,
Os lugares dos meus reinados.
Engraçado é só querermos realeza,
Quando sempre fui servo de magos,
Desde o dia em que vi a estrela,
Que ilumina a candura dos lagos.
Nesse mundo de fogo e tragédias,
Quem vai às nuvens sobre o mar?
Se não temos as asas ou rédeas,
Que ensinem a voar sem reclamar.
Cavalgar com Hermes ou Perseu,
Só se sabe pelo mito de Medusa,
Quando o sangue tocou mar Egeu,
E voei ao encontro de Andrômeda.
Da minha nave só lembro as velas,
As quais icei para o vento solar,
Sem calmarias, sentado na sela,
Sendo um griô a louvar o orixá.
Minha pele de ébano lá reluzia,
Ante múltiplos sóis pelas ruas,
Eu sendo um celta de Andaluzia,
Ou filho de mouros com alma nua.
Ao lado de deuses e seus credos,
Viajei pelos confins do Universo,
Pulei em cometas sem meus medos,
E fiz poesia unida a meu verbo.
Decerto, ninguém ouviu minha voz,
Em meio ao caos, além de Plutão,
Pois saí do rio e, depois da foz,
O mar é o advento da imensidão.