FOGO E CENTELHAS
Como eu nasci no antropoceno,
E achei ser o rei desse altar,
Fui criando o tempo a contento,
Que me diga não ser um avatar.
E cresci renascendo em pátrias,
Ou, às vezes, criando impérios,
Sendo orixá e herói em Canárias,
Mas também garimpando minérios.
Eu disse a todos sobre o ouro,
Pelo brilho e fulgor nas jóias,
Mas eu busco o graal como louro,
Pois a arte é parte da história.
Foi criando os modos de escrita,
Que flertei com papiros e rocha,
Ao deixar as pinturas da cripta,
Ou os livros em Constantinopla.
Mas o gozo foi em Alexandria,
Pois a sabedoria dá liberdade,
No mundo que não tinha a Bahia,
Mas nos oferta dias de saudade.
Eu verei novamente as estrelas,
Cada vez que encerro um caminho,
E serei sempre fogo e centelhas,
A querer luz à noite e carinho.
Se não for pra termos os filhos,
De que vale dar aceites à vida,
Pois a eternidade tem os trilhos,
E a verdade do caos que abriga.