SONHO OU LITERAL
O meu touro é só literal,
Mas meu Peixes quer sonho,
E assim tento ser o normal,
Mas dizem que sou estranho.
Certos dias eu sou reclusão,
Mas em outros quero o vento,
Com o Sol que me dá ilusão,
Porque acho o dia tão lento.
Mas eu soube que tudo é viagem,
Mesmo quando me acho estático,
Pois um dia sai da garagem,
E viajei pelo mundo galático.
Vi os ciscos sujando o chão,
E notei que a xícara tá suja,
Porque o meu radar é paixão,
E eu quero o que não enferruja.
Eu seria mais feliz conservando,
Pois não quero o leite estragado,
Mas aceito uma coalhada por ano,
Porque sei que não tenho o gado.
Não, não diga que o gás acabou,
Senão te pergunto pelos motivos,
Se o gás que vendem já passou,
E não sei porquê queimam livros.
Na história teve a câmara de gás,
E não sei porque me querem assado,
Se não sou carne nobre ou do Brás,
Mas viajo a São Paulo em um salto.
E vou lá no meu trem como a bala,
Porque vi isso vivendo na China,
E um dia nem a placa se abala,
Pra que tudo seja lá na esquina.
Pois vou escrever meus poemas,
Nos dias que a loucura permita,
Ou eu possa falar sem antenas,
Mas ligando a mente e a marmita.
Se os poemas saciam minha fome,
Como a sede me surge sem a água,
E por isso eu devoro até homens,
Canibal que eu sou de minh'alma.