LOUCURA COLETIVA
O homem moderno quer eternidade,
E vive sem desconfiar de Saturno,
Que come os seus filhos à tarde,
Mas são profecias ou descuido.
Trocando um filho por pedra,
Saturno engoliu só minerais,
Como a sociedade se enterra,
Aceitando os tiranos comensais.
Nós devíamos vomitar o que é mal,
Pois o que nos eleva vem do bem,
Mas ninguém sabe quais os sinais,
Que a besta do mal traz do além.
Ninguém quer o amor assassinado,
Mesmo quem simpatiza com a guerra,
Porque é loucura de cada coitado,
Ou demência mental que nos cega.
Mas fazem da morte um objetivo,
Que não revela o que há depois,
Mas nos diz de torpes motivos,
Ou separam o feijão do arroz.
Depois dessa loucura coletiva,
Acham graça da fome e miséria,
Mas não querem o direito à vida,
Mas a vida é a coisa mais séria.
Entre tantos planetas e astros,
E bilhões de galáxias no caos,
Seríamos nós o melhor alabastro,
Mas a cerâmica só serve mingau.
Nós deveríamos aquecer estrelas,
Em vez de ficar num tiro ao alvo,
Lançando míssil na própria costela,
Nos digladiando em cada assalto.
Ganhamos o parkinson nos socos,
Queremos um lado que requer soma,
Somos de direita ou os canhotos,
Mas, no final, entramos em coma.
Não há diferença pelos milênios,
Apenas o Halley é vã testemunha
Pois ele viu Buda e os essênios,
Ou Cristo no Sermão da Montanha.