A MARCHA
Quem sabe dos modos militares,
Sabe o que são zumbis e dogmas,
Pois quem marcha subindo andares,
É como nadar num mar que afoga.
A liberdade quer movimento solto,
Sem regras que nos torne o alvo,
Pois esse é um trauma do esgoto,
Que se acha estar livre e salvo.
Para ser liberto não quero regras,
Senão aquelas que servem ao cosmos,
Pois a natureza é calça sem pregas,
E, assim, não lhe pago impostos.
Quando vivemos sob o manto da fé,
Somos escravos de cada doutrina,
Mas, se vivo no mato, sou pangaré,
E não preciso de arreio ou crina.
Eu queria que o mundo fosse melhor,
Com gente que gostasse de convívio,
E com todo respeito à lua e ao sol,
Buscando saber o porquê do brilho.
Seria melhor não haverem heróis,
Muito menos salvadores da pátria,
Questionando se telhado tem geróis,
Diante do céu e cercado de xátrias.
Quem pensa que nascemos sem dono,
Está iludido, pois somos um dígito,
Que só serve como serve o carbono,
O qual, sozinho, nem serve ao Egito.
Eu acho graça de termos teocracias,
Pois a laica China é vez e progresso,
Findando a miséria e as confrarias,
Dizendo ao mundo que há multiverso.
Do topo do mundo às suas muralhas,
Tudo é majestoso, mesmo sem castelo,
Como uma embarcação que não encalha,
Pois é uma fênix de foice e martelo.