EM UM TEMPO DIFERENTE
Nasci em um tempo muito diferente,
Mas foi a transição do que vigorava,
Com revoluções ou golpes vigentes,
Que mais pareciam bois de manada.
Nós acreditávamos ainda em fábulas,
Com os super-heróis e casos de humor,
Nos iludindo com cinema e as fadas,
Achando que haviam Nemo e Namor.
Olhando as estrelas via Doutor Smith,
Não percebemos a banalidade do mal,
E vieram de coca-cola e sanduíche,
Dizer-nos que um Marlboro é legal.
Matavam índios e negros no mangue,
Dizendo que todo progresso é bom,
Curtimos conde Drácula sugando sangue,
Ou mil lobisomens tomando Chandon.
Diziam pra gente que havia Maciste,
Junto com Hércules e até um Sansão,
Disseram que o Natal ainda insiste,
Sem dizer o que é real ou ilusão.
Vivemos na dor, mas querendo alegria,
Pois a felicidade é uma arma quente,
E o consumo de drogas não é fantasia,
Mas querem que o álcool seja decente.
O mundo produz alimento o bastante,
Mas não deixam o povo ter o direito,
Pois não há amor com o seu semelhante,
Mas não se enganem, o pastor é suspeito.
Sempre tivemos medo dos lobos,
Mas hoje eu sei quem guia as ovelhas,
Pois somos escravos de algo novo,
Se o pastor ferroa como abelha.
E esquecemos que há ilusões e veneno,
Em tudo que a mídia só nos inocula,
Pro gozo de poucos deuses terrenos,
Que não se revelam e não dão a cura.