COM AS LEMBRANÇAS
Um prato vazio é tua mensagem,
Senhora penúria da fome cruel,
É como tu dizes sobre coragem,
Mas essa coragem é seu pincel.
Tu pintas as cores que queres,
E pensa ser dona da humanidade,
Mas tens a maldade que preferes,
Porque não conhece a saudade.
Sentir tudo com as lembranças,
Podem ser os traumas aflorando,
Mas sempre haverá algum samba,
Ou versos e notas pulsando.
Eu vejo que a mesa não tenho,
Quando me transformo em lixo,
Pois sei que o meu desempenho,
Finda no circo, onde sou bicho.
Fizeram o mundo para nós todos,
Mas, certo dia, veio a ganância,
E junto à luxúria e aos escrotos,
Findou a vida na minha infância.
Hoje eu acordo no meu relicário,
Tão perto da morte que perdura,
E vejo o espectro do meu sicário,
Que mata e morre na cama dura.
É como lembro de castro e taba,
Como parte de um totem corroído,
E vejo pelas frestas onde estava,
O ouro que não me foi restituído.
E o modo de vida que ainda quero,
Mistura aventura com a liberdade,
Mas tem a certeza do que venero,
E flui no caos da minha verdade.