NA SOMBRA DO BAOBÁ
À sombra, nas frestas do baobá,
Disseram ao griô sobre a vaidade,
Que levou os ancestrais de Obá,
Perante Xangô, o rei da cidade.
Naquela savana sobravam leões,
Mas nenhum deles tava com fome,
E lá estavam até os camaleões,
Todos difusos em cores e nomes.
Estavam pastando vários gnus,
Quando um leopardo se arvora,
Pois chegou com fome de Itu,
Mas nem toda carne é flora.
E quando os abutres revoaram,
Já não haviam gnu e antílope,
Porque várias hienas chegaram,
E os outros fugiram a galope.
Só não sabiam que mestre griô,
Dá conta de orikis e ancestrais,
Porque sábios bantu ou nagô,
São como guias entre mortais.
E é assim que devemos buscar,
O que nos falta para bem viver,
Sabendo como é o nosso lugar,
E não apenas matar pra comer.
Sejamos como música e poesia,
Tendo sonhos e até pesadelos,
Sejamos tudo, de fé a heresia,
Se, além de fé, a pele quer pelos.