PELAS NEBULOSAS
Me esgueirei pelas nebulosas,
E vi todo tipo de estrelas,
Algumas calmas, outras nervosas,
Mas não soube como entendê-las.
Disseram pra mim que tudo acaba,
Mas eu vi as centelhas do Cosmos,
Onde um buraco negro é casa,
E o tempo não quer meu relógio.
O tempo galáctico é mais que divino,
Pois vai ao futuro enquanto é passado,
Num modo presente pra quem está rindo,
Ou apenas sonhando, achando-se sátiro.
Mas daqui de baixo, de volta à Terra,
Eu penso no modo estético do tártaro,
E como tem Hades, Poseidon ou Hera,
Mas tem a Zeus, que comanda de fato.
E no caso terrestre, Zeus nos atesta,
Que, vivo, somos uma centelha divina,
Com marcas de sonhos, além da festa,
E que não adianta ser loba alpina.
É neste planeta a chance que tenho,
Pois não há o tempo como eu quero,
E é necessário pegadas e empenho,
Onde meu livro não fique no prelo.
Matar sempre foi nosso dilema,
Porque nunca foi fácil criar,
E a tolerância é mote ou lema,
De quem se propõe a ser mar.
De nada adianta ser apenas rio,
Quando não se sabe onde chegar,
Ou ser algo mais que um calafrio,
Diante da brisa ou lufada de ar.
Não há sul ou norte no caos,
Porque, então, vou ter direção?
E tudo que faço é bem ou o mal,
Colhendo o fruto da minha ação.
Sei que alguns não gozarão a vida,
Pois o ódio ainda viceja em nós,
Além do orgulho de ser formicida,
Que mata e fere, deixando-nos sós.