ME DIGO BRASILIANO
Alguém no Brasil corta madeira,
E sua função é ser um lenhador,
Mas o Pau-Brasil foi a esteira,
Que sujou a história do invasor.
E quem nos chama de brasileiro,
Não sabe a alcunha do lenhador,
Que roubou Pau-Brasil do terreiro,
E no Pelourinho fez graça da dor.
O certo é quando me digo brasiliano,
Pois não devasto, sendo morador,
E quem nasce no Brasil e é humano,
Só quer a natureza e o seu valor.
Alguns vivem valorizando o ouro,
E morrem buscando suas pepitas,
Mas já foram os tempos do mouro,
Como a vida é curta e restrita.
Quem se apega com a velocidade,
Pensa que é coelho e não jabuti,
Mas quem vence não é a verdade,
E sim a saudade que fica aqui.
Nós estamos no solo mais rico,
Pois além do minério, dá tudo,
Desde o ouro a um grão de bico,
E bichos e aves como maçarico.
Temos a flora que é medicina,
Temos a fauna com diversidade,
Somos catinga e temos restinga,
Somos cantigas de felicidade.
Nós só erramos em crer no diabo,
Pois isso contrasta com o divino,
E querem dizer que sou o pecado,
Mas não conhecem o dono do sino.