PAU FERRO E ERÊ
Seria numa borda da cidade,
Ou seria no seu epicentro,
Pois um terremoto é saudade,
Dos sabores postos ao vento.
Quando há pau e ferro juntos,
Há quem diga que um é o forte,
Mas só sabem de cada conjunto,
Quem suplanta na vida a morte.
Os tambores ecoam na batalha,
Mas também na festa é êxtase,
Pois a cor da pele me entalha,
E digo: - Que pau ferro é esse!
Cada povo se vê num quilombo,
Como a tribo que foge do mal,
E a cidade que açoita o lombo,
Vai dizer que isso seja normal.
Mas ali, entre mata e caatinga,
Nada sobra, senão o meu licuri,
Pois sou sertão e doso a lingua,
Com a cantiga que lembra o tupi.
São misturas da nau brasileira,
Tão afetas ao negro ou indígena,
Mesmo com uma rede ou esteira,
Que nos lembre de cada estigma.
Vestir a fé como um nordestino,
é plantar o baobá e a barriguda,
Pra juntar patuás com destino,
Onde o fio de contas me ajuda.
É nessa tocada que vejo Odé,
Com os erês fazendo a festa,
Tendo mel pra comer de colher,
E um tempo legal pra conversa.