ANCESTRAL QUE OUVI
Era um morro em Vila Velha,
E morei no Espírito Santo,
Passei por estradas velhas,
Mas curti os seus encantos.
No caminho, vinda da Bahia,
Vi o cacau e os jequitibás,
Vi jibóias cruzando as vias,
Quando serraram os jacarandás.
Sobre os rios do sul da Bahia,
Vi peixes mortos pelo veneno,
De quem quer só a fidalguia,
E desmata em qualquer terreno.
Vi aldeias com índios mortos,
E os corpos crivados de balas,
E em seu lugar só aeroportos,
Para um gringo de cada escala.
Vi os totens jogados ao chão,
Onde me iludiam sobre o diabo,
Mas os povos donos desse chão,
São calados, senão chacinados.
São as história sem registro,
Que eu digo, porque eu também vi,
Ou vivi sem ter lido no livro,
Pois meu ancestral falou e ouvi.