DAR SENTIDO À VIDA
É preciso dar sentido à vida,
E por isso se planta e aduba,
Sem loucuras de cada ferida,
Ou na crença que só perturba.
É preciso aprender a andar,
E tatear no caminho escuro,
Pois nem sempre será o luar,
Um cobertor do eu imaturo.
Quem viveu ainda está conosco,
Como a seiva que só nos ensina,
E a lágrima que teima no rosto,
Não se torna uma simples resina.
Há mosquitos mantidos no âmbar,
Que nos diz ter havido passado,
E se há o pernilongo que samba,
É porque também foi educado.
O mundo foi e está sendo feito,
Pois a vida é como as galáxias,
Que forjam estrelas no leito,
Como seios de mães e inácias.
Se nós somos a parte do todo,
Esse todo existe e é conosco,
Mesmo quando a morte dá lodo,
E o divino é tudo que é posto.
Quem chega nos tempos de hoje,
Precisa lembrar que é breve,
E não vale a pena o que foge,
Mas o que abraça e que serve.
Sendo o que consola e ampara,
Dando a mão a quem nos pede,
Como médico que cura a escara,
E sendo justo no que concede.