BUSCA REAL
Nosso tempo é tão diminuto,
Que esqueço até do futuro,
Pois queremos mais um minuto,
Mesmo à noite tendo o escuro.
Essa vida tem luz, mas se apaga,
Pois os turnos são só doze horas,
E os dias nem sempre nos afaga,
Quando a dor chega pelas esporas.
Não queremos viver sob coices,
Nem palavras que deixem estigmas,
Se o amor quer milhos mais doces,
Mesmo quando tem sal nas espigas.
Nossa busca real é por felicidade,
Mas ela vem de acordo os sujeitos,
Pois enquanto uns querem liberdade,
Tem os que não pensam desse jeito.
Tem aqueles que defendem a partilha,
Mas hoje tem que prefira a tortura,
Pois o egoísmo detesta a família,
E eu não acho que isso tenha cura.
São os ermitões dentro da multidão,
Que vivem em prédios e são ausentes,
E são etnias que não servem ao chão,
Mas se dizem de pátrias e crentes.
São esses os descaminhos dos povos,
Que não percebem o mundo ser livre,
Sem muralhas ou pecha de corvos,
E que se demonstra de bom alvitre.