DESCULPAS DO MAL
Ouvi as desculpas de homem,
A querer um Deus não dual,
Elegendo a serpente por nome,
De um mal que fosse capital.
Desse jeito o homem se liberta,
Dos erros que são tão naturais,
E aí, com a janela entreaberta,
Vai dizer que não peca jamais.
Só assim, culpando a serpente,
Nos livramos e a Deus também,
Pois um erro é algo inerente,
A quem não saiba dizer Amém.
Vi alguém comentar sobre o errado,
E querer saber porque tanto falam,
Se somos quem pede bença ao diabo,
E os culpados serão os que calam.
Falam sobre as pedras no caminho,
E também falam dos deltas de rios,
Só se esquecem que, sem carinho,
As nossas vidas são só desafios.
O nascer nos prende aos corpos,
Pois somos na vida passageiros,
Com a alma que será dos mortos,
Mas aqui nos faz de mensageiros.
Nós agimos com o que aprendemos,
Nessa vida e na dos antepassados,
E, bem mais do que nós queremos,
Tudo é presente desde o passado.
É por isso que existem dívidas,
Dos que vieram bem antes de nós,
Que cometeram mil erros na vida,
E por isso nunca estaremos sós.