SERÍAMOS MÉDICOS
Se eu pudesse usar das virtudes,
E poder compartilhar o intelecto,
Eu iria usar metade dos açudes,
Que permeiam meu mar e afeto.
Eu teria o direito aos circuitos,
E faria bom uso dos neurônios,
Pois, com eles, de todos eu cuido,
Fosse o mundo só dos quelônios.
E nas carapaças que me acolhem,
Eu iria cear por todos lugares,
Onde teria os frutos que colhem,
Mesmo sem plantar pelos lares.
Tudo poderia ser com harmonia,
Pois eu andaria sobre as águas,
Onde havia vento antes do dia,
Abstraindo as dores e mágoas.
Não haveriam maldades e dolos,
E nem iríamos querer juventude,
Pois os idosos seriam bondosos,
Como também com sãs atitudes.
Nesse modo seríamos médicos,
Ao buscar curar todos os erros,
Pois no corpo é fácil ter crédito,
Mas dos atos sobram desterros.
Não teríamos dores no mundo,
Mas, sim, um bom psicólogo,
Se a cura do eu mais profundo,
Seria só um informal protocolo.
Isso seria simples, mas não somos,
Pois complexo é todo Universo,
Se há átomos como cromossomos,
Que se juntam em prosa e verso.