DIMENSÃO DE UM POETA
Me faço poesia pra falar contigo,
E as palavras comuns não entendes,
Mas vou a lugares sem os amigos,
Se quem vejo me range os dentes.
Cada dia que busco a humanidade,
Eu descubro que não mais existe,
Desde o dia que fui pela cidade,
E não vejo o luar que me assiste.
Somos o tempo mais breve do Cosmo,
Que brinca de esconder quando age,
Pois é tudo distante do que gosto,
Se não provei do sabor da imagem.
Às vezes é preciso ir a Marte,
Ou fazer as malas para Saturno,
Desde quando Plutão é o alarde,
Quando a beira do Sol é escuro.
Mas se eu quero somente a luz,
Corro o risco com tanta energia,
Que pode gerar a vida ou a cruz,
Mas, se olho pro céu, é só agonia.
Eu não sei se haverá outro cometa,
Pois o que aguardo ninguém prevê,
E ele vem da dimensão de um poeta,
Ao surgir para o mundo como bebê.
O seu grito de luz gera um rastro,
E seu rabo é uma marca do eterno,
Mas a chama de Sol que mais gosto,
É não saber qual virá no caderno.
O Universo é biblioteca de loucos,
Porque tudo é covardia ou mercado,
Pois a nossa grandeza é de poucos,
Se ter muito não vale os pecados.