UM ÚLTIMO TRUQUE
Seja como início ou fim da vida,
Meu ego propõe um último truque,
Seja antes de cada linha perdida,
Ou lembrando um saudoso batuque.
Se estou em transe ou êxtase,
Tudo vai depender da tragédia,
Ou demandas que surjem às vezes,
No caminho sem paz ou comédia.
Tudo é questão de sobrevivência,
Mesmo quando no fim tudo acabe,
Mas não cabe dispor da ciência,
E achar que só sobra uma claque.
Que vê palmas imagina o torpor,
Mas também pode ser uma hipnose,
Ou a dor de morrer sem o louvor,
Procurando nos cães zoonoses.
O último truque é carta na manga,
Como a solução que não vamos saber,
Pois a ida é sem volta ou capanga,
No frio que aguardo sem entender.
Se atravesso a linha dos homens,
Talvez eu alcance a minha razão,
E o meu verbo se cale de fome,
Ou proponha não mais reclusão.
Vou assim encenar mais um ato,
Com um truque usando a cartola,
Pois joguei meu quepe no mato,
Para nadar na última marola.